quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Quase...

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sarah Westphal
("Roubado" do perfil da nova descoberta que Coimbra me proporcionou, Manuela, acabei de conhecer e já me identifico, a começar por este texto que é bem o meu momento de agora)

P.S.: Como eu gosto de atribuir todo texto aos seus reais autores, e no tal perfil da Manuela não tinha nada, fui caçar a autoria deste... Eu lembrava dele de "outros carnavais", mas já não me lembrava de onde exatamente eu tinha lido. Achei três "autores" agraciados, um deles o Luís Fernando Veríssimo. Como já estou habituada a que os textos que ninguém sabe bem de quem é sejam atribuídos a ele, resolvi ir mais a fundo e acabei achando uma história interessante em torno deste texto. A história eu também já tinha lido e esquecido, mas fica aqui para registro.

ADORO ESTAS HISTÓRIAS DE BASTIDORES!!!

Sempre, Mai ;)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Arte de não fazer nada

Mais uma vez, umas férias do blog... nada de específico, mas simplesmente porque eu tenho constatado e me convencido cada dia mais de que definitivamente eu NÃO DOMINO A ARTE DE NÃO FAZER NADA... não adianta, não sou capaz e pronto!

Estive a ler outro dia sobre o assunto no blog do Bruno Medina, ele viajando em como é difícil não fazer nada e vira e mexe tenho pensado nisto: que este dom eu não tenho... pelo contrário, posso passar os meus dias a fazer dez coisas ao mesmo tempo, ficar louca a tentar conciliar tudo e o que mais for necessário, mas basta que eu não TENHA o que fazer que fico perdida... continuo ainda com muitas opções, afinal tenho tantos hobbies como fios de cabelo quase, mas só a desobrigação já me põe fora do ar...

Ah! Finalmente posso voltar a desenhar, posso estudar um pouco mais, ler um pouco mais, passear, fazer ginástica, aulas de dança, cozinhar,... LEDO ENGANO!!! Eu fico tão afoita com estas possibilidades todas que o que não esbarra em questões financeiras esbarra no simples fato de que a não obrigaçao de nada me faz querer TUDO! de uma vez, já! antes que a próxima maré de supertrabalho me alcance...

Resultado, começo tudo e não termino nada! Colho informações sobre como fazer mas não concretizo... quer dizer, terminar a tarefa em si, até termino, mas não saboreio a plenitude, a sensação de estar satisfeita... no fim, fica a sensação de uma barata tonta que andou de um lado a outro a perder tempo e quanto mais eu tento me focar um pouco mais, mais fico com a sensação de estar "olhando para o lado errado"... mas afinal, existe lado certo?

É por isso que longe ou perto eu continuo sempre Mai ;)