sábado, 30 de agosto de 2008

Dos Doutos

“Estando eu adormecido, pôs-se uma ovelha a despinicar a coroa de hera da minha cabeça, dizendo enquanto comia: “Zaratustra já não é um sábio”.

Dito isto retirou-se altiva e desdenhosa.

Assim me contou um rapazinho.

Gosto de me deitar onde as crianças estão brincando, junto do muro gretado, sob os cardos e as vermelhas papoulas.

Ainda sou um sábio para as crianças, e também para os cardos e para as papoulas vermelhas. Todos eles são inocentes até na sua maldade.

Já não sou um sábio para as ovelhas: assim o quer a minha sorte. Bendita seja!

Porque é esta a verdade: saí da casa dos sábios atirando com a porta.

Demasiado tempo esteve a minha alma faminta sentada à sua mesa; eu não estou assim como eles, adestrado para o conhecimento como para descascar nozes.

Amo a liberdade e o ar na terra fresca; e até me agrada mais dormir em peles de bois do que nas suas honrarias e dignidades.

Sou ardente demais e estou demasiado consumido pelos meus próprios pensamentos; falta-me amiúde a respiração; então necessito procurar o ar livre e sair de todos os compartimentos empoeirados.

Eles, porém, estão sentados muito frescos à fresca sombra: em parte alguma querem passar de espectadores, e livram-se bem de se sentar onde o sol caldeia os degraus.

À semelhança dos que se postam no meio da rua a olhar de boca aberta quem passa, assim eles aguardam de boca aberta os pensamentos dos outros.

Se se lhes toca com as mãos, involuntariamente levantam pó em torno de si, como sacos de farinha; mas quem suspeitaria que o seu pó procede do grão e das douradas delícias dos campos de estio?

Se dão mostras de sábios, horrorizam-me com as suas sentenças e as suas verdades: a sua sabedoria cheira amiúde como se saísse de um pântano, e indubitavelmente já nele ouvi cantar as rãs.

São destros e têm dedos hábeis: que tem que ver a minha simplicidade com a sua complexidade? Os seus dedos estendem à maravilha tudo quanto seja fiar, ajuntar e tecer; tanto assim que fazem as meias do espírito.

São bons relógios — sempre que haja o cuidado de lhes dar corda. — Indicam então a hora sem falar e com um ruído modesto.

Trabalham como moinhos e morteiros: basta lançar-lhes grão! Eles já sabem moer bem o grão e convertê-lo em branca farinha.

Olham os dedos uns dos outros com desconfiança. Inventivos em pequenas maldades, espreitam aqueles cuja ciência coxeia; espreitam-nos como aranhas.

Sempre os vi preparar veneno com precaução, tapando as mãos com luvas de cristal.

Também jogam com dados falsos, e vi-os jogar com tal entusiasmo que estavam banhados de suor.

Somos estranhos uns aos outros, e as suas virtudes ainda me contrariam mais do que as suas falsidades e trapaças.

E quando eu andava entre eles, mantinha-me sempre por cima deles; e é por isso que me olham de soslaio.

Não querem ouvir andar ninguém por cima das suas cabeças; por isso entre mim e as suas cabeças puseram ramagem, terra e lixo.

Assim abafaram o ruído dos meus passos; e até agora os mais doutos são os que menos me têm ouvido.

Entre mim e eles interpuseram todas as fraquezas e todas as faltas dos homens: “andar falso” eis como chamam a isto nas suas casas.

Eu, porém, apesar de tudo, ando sempre por cima da cabeça deles com os meus pensamentos; e se quisesse andar com os meus próprios defeitos, ainda assim andaria sobre eles e sobre as suas cabeças.

Que os homens não são iguais: assim fala a justiça. E o que eu quero não poderiam eles querer!”

Assim falava Zaratustra.

*Apenas citando minha leitura eterna e adorável do momento: Assim falava Zaratustra - Dos Doutos - Friedrich Nietsche

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Bom, faz um boooom tempo que andava com vontade de comer pão de mel, e como podem imaginar, por aqui não tem, mas não gosto daqueles recheados, só mesmo com a cobertura de chocolate... e como tem sido desde que cheguei aqui, não tem? Vamos fazer...

Algumas receitas na net, pesquisei em Aveiro, de outro computer, o que limou parte dos resultados brazucas (pois é, tem diferença no resultado a "origem" do seu google) o que não lembrei na hora, claro... e acabei por escolher esta do site "mais você" mesmo. É até simples de fazer. Não fiz a cobertura de chocolate então ficou grudentinho do conhaque, mas nem por isso ficou menos gostoso... hummm... Ah e rende muito, já faz uma semana que fiz, eu e o Ric duas formiguinhas e ainda tem um pouco...

Pão de Mel Licoroso

Ingredientes

- 1 xícara (chá) de mel
- 2 colheres (sopa) de margarina
- 1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo
- 1/2 xícara (chá) de açúcar refinado
- 1 colher (chá) de cravo em pó
- 1 colher (chá) de canela em pó
- 3 colheres (sopa) de chocolate em pó
- 1 colher (sobremesa) de bicarbonato de sódio dissolvido em 1 xícara (chá) de leite
- 3 xícaras (chá) de farinha de trigo
- 1 lata de leite condensado
- Meia lata de conhaque
- 1 1/2 kg de chocolate ao leite derretido para banhar os pães de mel

Modo de Preparo

Numa tigela, vá colocando e misturando com uma colher de pau, 1 xícara (chá) de mel, 2 colheres (sopa) de margarina, 1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo, 1/2 xícara (chá) de açúcar refinado, 1 colher (chá) de cravo em pó, 1 colher (chá) de canela em pó e 3 colheres (sopa) de chocolate em pó. Misture bem. Adicione um pouco do leite com bicarbonato de sódio e 3 xícaras (chá) de farinha de trigo. Misture bem e junte o restante do leite. Misture bem até incorporar todos os ingredientes. Numa forma retangular número 2 (25 cm x 35 cm x 4,5 cm de altura), untada e polvilhada com farinha de trigo, despeje a mistura e alise a superfície com o auxílio de uma colher. Leve para assar em forno pré-aquecido a 200ºC por 20 min ou até que quando furar com um palito, este saia limpo. Numa outra tigela, misture 1 lata de leite condensado com a medida de meia lata de conhaque e reserve. Retire a forma do forno, fure o pão de mel com um palito e jogue a calda sobre o pão de mel ainda quente. Espere esfriar e leve para o congelador de um dia para outro. Retire o pão de mel do congelador e corte quadrados no tamanho desejado. Banhe cada pão de mel em 1 1/2 kg de chocolate ao leite derretido e vá colocando sobre papel manteiga. Espere secar e sirva.
Bom APETITE!

Traduzindo as Olimpíadas

Como adiantei no post anterior, fui uma expectadora quase assídua das Olimpíadas, mesmo com o horário das 2-3h da manhã às 3h da tarde... como tb disse o tempo não estava lá grande coisa em Aveiro, mesmo sendo verão, esteve muito, muito longe do verão que quase me torrou em 2006 (quase fiquei resfriada, pelo frio das noites :S).

Mas vamos a este post, como falar de Olimpíadas quase todo mundo falou e opinou e parabenizou e etc, meu foco aqui vai ser simplesmente mostrar as variações entre os termos portugueses e brasileiros, ao menos o que eu lembrar ainda... minha memória anda uma lástima.

A começar pela natação:
Nado PEITO é BRUÇOS
Nado BORBOLETA é MARIPOSA
MEDLEY é ESTILOS
EQUIPE (que na verdade aqui escreve EQUIPA) é ESTAFETA, para todos os esportes.

Aliás ESPORTE é DESPORTO
TIME é ESCRETE

JUDÔ é JUDO
TAEKWONDO também se fala diferente
HIPISMO é EQUESTRE (sem trema mesmo, mesmo na fala)
SALTO TRIPLO vira TRIPLO SALTO
COM BARREIRAS fica COM OBSTÁCULOS
SALTO EM DISTÂNCIA é SALTO EM COMPRIMENTO
CAVALO COM ALÇAS é CAVALO COM ARÇÕES
ADESTRAMENTO é ENSINO

No Basquete(BOL), o PIVÔ é POSTE

HANDEBOL é ANDEBOL
BEISEBOL é BASEBOL (só não lembro ao certo como se fala agora)
HÓQUEI NA GRAMA é HÓQUEI NA GRAMA (e se fala óquei)
NADO SINCRONIZADO vira NATAÇÃO SINCRONIZADA
SALTOS ORNAMENTAIS são SALTOS PARA A ÁGUA
TRAMPOLIM ACROBÁTICO fica só TRAMPOLINS

E claro TÊNIS vira TÉNIS

Affff... e nem falei de termos associados... Às vezes ver sem som era mais fácil... rsrsrs

Fim de Férias!

Bom, fui de férias postiças para Aveiro, uma cidadezinha universitária também, mas mais ao norte. Pensei que escreveria de lá, tive várias idéias, mas nem...

O tempo não colaborou, o ânimo também não, mas mudar de ares foi ótimo... e regado a Olimpíadas, como não podia deixar de ser já que viajei justamente de 8 a 24 de agosto.

Agora estou de volta e quero ver se posto as antigas idéias mesmo assim... embora muuuuuitas das minhas idéias tenham ficado defasadas (algumas de antes da viagem ainda), mas dá para fazer valer a pena.

Mãos à obra!
Sempre Mai :)

sábado, 2 de agosto de 2008

Cultura Inútil: Boteco

Há muito tempo atrás algum europeu me perguntou porque chamamos boteco aos barzinhos no Brasil, como não lembro quem foi, fica aos curiosos por aqui. :)

Para a seção cerebral de cultura inútil, explica-se:

BOTECO (bo.te.co)

A palavra "boteco" é uma contração da palavra 'botequim', do italiano "botteghino", diminutivo de "bothega", palavra que designa uma taberna ou pequena mercearia em nossa língua.

"Boteco" é um pequeno estabelecimento comercial onde se vendem bebidas, cigarros, lanches e refeições simples. Esses estabelecimentos também são chamados simplesmente de "Bar".

>> Definição do dicionário Aulete Digital

BOTECO (bo.te.co)

Substantivo masculino.

1 Bras. Pop. O mesmo que botequim, às vezes com conotação pejorativa

2 BA Espécie de barraca leve de feira, armada entre as barracas maiores

3 BA Pop. O globo ocular

[Formação: Regress. de botequim.]

[Formação: Do italiano. botteghino, diminutivo de bothega.]

Sobre o Batman

Aproveitando que escrevi no último post sobre o Coringa, segue um link de um texto do sempre Luís Fernando Veríssimo que conceitua bem o imaginário deste herói sem poderes.

E alguém discorda??